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quarta-feira, 18 de janeiro de 2006
Sinfonia
Já sabiam que, por vezes, quando deitados, o som do rádio sempre ligado no mínimo era abafado pelos seus murmúrios. Que por sua vez podiam ser abafados pelo roçar dos lençóis. E estes por palavras incompletas e frases imperceptíveis. Que depois podiam ceder o seu lugar a gemidos ganhando volume. Quase sempre depois abafados pelo som das molas da cama. E estas por palavras bem claras e gritos de intenção. E estes pelo som da pele batendo na pele. E este pelo som da cama mudando de lugar e acertando na parede. Tudo isto já tinha acontecido várias vezes, umas mais completas outras nem tanto. O som que apenas desta vez apareceu de forma bastante original foi o do quadro pendurado na parede a cair-lhes nas cabeças. (por sua vez abafado por ais de dor)
# Jorge Moniz |
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