frutos de sombra













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    segunda-feira, 17 de julho de 2006



    Não gostava do cheiro do arroz insonso. Era como se fosse arroz doce sem o ser. Tirando isso não era esquisito na cozinha, fazia de tudo um pouco, doces, salgados, carne, peixe. Mas sempre com muito cuidado, calma e dedicação: quando usava uma metade da cebola, guardava a outra no frigorífico dentro de um tupperware, para não dar cheiro. Claro que o calor o fazia perder as estribeiras e cometer pequenas loucuras, foi aliás isso que o matou. Nesses dias andava descalço em casa, bebia refrigerantes e chegava mesmo a não ligar o esquentador antes de tomar banho. Na noite fatídica os prenúncios somaram-se, mas ele ignorou-os. Enquanto preparava o jantar, ia bebendo (da garrafa!) limonada com ginseng e conseguiu regar o queixo, o pescoço e o peito. Minutos depois conseguiu empinar a tigela onde mexia os ovos para a omelete, o que levou a que o jantar fosse mais leve do que o previsto. Mesmo assim insistiu. E saiu de casa.
    A sua história termina ao volante do carro, cinco minutos depois de ter parado numa área de serviço para comprar um corneto (agora ainda com mais chocolate!), doze segundos depois de um pedaço do corneto lhe ter caído no colo.

    # Jorge Moniz |