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quinta-feira, 2 de novembro de 2006
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Quando chega Novembro, ganhas a hábito de me mandar para a cama antes de ti. E fá-lo com um tom de voz tal, que só me resta obedecer.
(não, não é um tom de voz autoritário, é um tom de voz nos olhos)
Contorno a cama e deito-me do teu lado, com a cabeça na tua almofada. Ouço-te escovar os dentes, apagar as luzes, entrar no quarto às escuras. Finjo dormir. Ouço-te largar os sapatos, o cinto a tilintar ao pousares as calças, o deslizar do pijama pelas tuas pernas, pelo teu tronco. Respiro fundo. Ouço-te os passos aproximarem-se. Levantas as orelhas dos lençóis e dizes baixinho o meu nome. Não esperas que eu recue ao meu lugar, vais-te deitando, conquistando o teu espaço. Não recuo mais do que o necessário, é assim que o queremos. Ajeitas primeiro a planta dos teus pés no peito dos meus, depois a barriga das tuas pernas nas minhas canelas, as tuas coxas nas minhas, a tua anca na minha, as tuas costas no meu peito. Escorrego um braço por baixo do teu pescoço, puxas-me o outro ao teu redor. Inspiro o cheiro rosa-morno da tua nuca. Sabe bem.
# Jorge Moniz |
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