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terça-feira, 18 de setembro de 2007
Hoje estive em duas repartições públicas.
(atente-se às diferenças)
Na primeira havia três funcionárias a atender dezenas de pessoas com um ar calmíssimo. Escrevem ao computador apenas com os indicadores, levantando os olhos do teclado para o monitor após cada letra de modo a verificar se acertaram. A cabeça levanta-se mais do que o necessário, de modo a usarem a parte inferior das lentes progressivas. Possuem um sorriso sádico que não têm pejo em mostrar quando respondem a algumas perguntas com frases do género “não, isso não demora duas semanas, é três meses”, ou “a colega foi almoçar, só cá estamos as duas”. Apesar de estarem a escrever algo ao computador, quer eles quer os utentes têm de preencher à mão impressos fotocopiados que depois são carimbados. À volta olha-se e há um silêncio pesado, interrompido apenas por suspiros de cansaço de pessoas que estão ali há muito tempo à espera e por uma senhora que lamenta não ter trazido o colchão. Nas paredes alguns documentos explicam a organização da repartição e existe uma caixa de sugestões que tive o prazer de usar. Demorei 3 horas e meia.
Na segunda havia vários funcionários (não cheguei a contar) a atender dezenas de pessoas com um ar bem disposto. Escrevem ao computador rapidamente enquanto conversam com o utente (o que me atendeu viu a minha morada e lembrou-se de um restaurante onde se comia muito bem e que por sinal foi o do casamento dos meus pais). Têm um sorriso franco e mudam de um computador para o outro para enviar o processo para a tesouraria ali ao lado. A caneta só é usada para o utente assinar. Os documentos são impressos na altura e com códigos de barras que na tesouraria são rapidamente lidos. À volta olha-se e há um elevado ruído de fundo. As pessoas conversam, há crianças. Nas paredes alguns cartazes grandes ostentam a palavra Simplex. Demorei 5 minutos.
# Jorge Moniz |
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