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quarta-feira, 27 de agosto de 2008
A nostalgia dos nostálgicos não passa de um sentimento de conforto ao reencontrar algo do passado. Somos afinal pessoas que precisam de âncoras.
Esta praia onde eu passava dois meses em cada verão, e agora um dia ou outro de fugida, tem esses ingredientes. As gerações vão mudando, mas o essencial mantém-se.
Lá estava hoje a maré de Agosto que chega cá acima às barracas, a bandeira vermelha, o povo em filas a ver o mar descansando as mãos na anca, o barulho das ondas salpicado pelos apitos dos banheiros
(‘nadador-salvador’ continua a ser designação demasiado comprida, a fazer lembrar o eufemismo politicamente correcto dos ‘african-americans’)
que se esforçam por manter as pessoas fora da água. Este ano pela primeira vez não há a senhora da bolacha americana, que já era centenária desde que me lembro. Mas continua o cheiro das melhores pipocas e os diálogos a alta voz e velocidade das trintonas emigrantes que conseguem alternar do português para o francês como na vertigem de um slalom gigante, conseguindo também nesse processo enviar-me para casa mais cedo que o previsto.
# Jorge Moniz |
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