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domingo, 19 de fevereiro de 2006
Diante do microfone ficou mudo. Sabia o que devia fazer, já o tinha feito centenas de vezes, mas desta vez não saÃa nada. Na cabeça fervilhavam ideias que o punham longe dali. O que era justo, o que era injusto, se essas atribuições são universais, se são inatas. Atrás do palco, o presidente da Junta e a comissária das festas de Nossa Senhora da Assunção, sua esposa (a comissária, não a divindade), desesperavam. O homem dividido em duas partes, uma racional, uma sensÃvel, a causalidade nas decisões humanas, Deus. A comissária das festas não aguentou mais e gritou com a voz estridente dos seus 80 kg de metro e meio na direcção do centro do palco: Deixe-se de sistematismos, Emanuel! Cante!
# Jorge Moniz |
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